“Estou preparado” diz Bolsonaro sobre PF na sua cas… ver mais

Mundo

Jair Bolsonaro mais uma vez chamou atenção ao falar sobre um possível despertar nada agradável. O ex-presidente revelou que, apesar de dormir bem, já se acostumou com a ideia de que pode ser acordado pela Polícia Federal a qualquer momento. A declaração, feita em entrevista à revista americana Bloomberg, publicada na última quinta-feira (30/1), reforça o clima de incerteza que paira sobre sua situação jurídica.

O receio não é novidade. Apenas alguns dias antes, no dia 23, Bolsonaro já havia mencionado essa preocupação durante uma entrevista ao canal Fio Diário. Na ocasião, ele afirmou que sua passagem pela Presidência da República deixou marcas profundas e que a vida de chefe de Estado não é tão glamorosa quanto muitos imaginam.

Mas por que essa sensação de que a qualquer instante a PF pode bater à sua porta? O ex-presidente tem enfrentado investigações que vão desde fraudes documentais até suspeitas de tentativas de golpe. No final de 2023, ele foi indiciado em um inquérito da Polícia Federal que investiga sua suposta participação em um plano para reverter o resultado das eleições de 2022.

Diante desse cenário, Bolsonaro já declarou estar pronto para qualquer coisa. “Eu durmo bem, mas já estou preparado para ouvir a campainha tocar às 6h: ‘É a PF!’”, afirmou.

Três indiciamentos e um futuro incerto

As investigações envolvendo Bolsonaro não são poucas. Ele já acumula três indiciamentos pela Polícia Federal, cada um com um peso significativo. O primeiro deles está relacionado à fraude no cartão de vacinação. De acordo com a PF, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, teria articulado um esquema para inserir informações falsas no sistema do Ministério da Saúde, beneficiando diretamente o ex-presidente e seus aliados.

Outro caso que colocou Bolsonaro na mira da Justiça foi o escândalo das joias. Segundo as investigações, o ex-presidente teria recebido ilegalmente joias de alto valor enquanto ocupava o cargo e participado de um esquema para revendê-las. Os crimes apontados incluem peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Além disso, há o inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. A PF acredita que Bolsonaro e alguns de seus aliados discutiram formas de se manter no poder mesmo após a derrota eleitoral em 2022.

“Perseguição política” ou avanço das investigações?

Desde que as investigações se intensificaram, Bolsonaro tem usado sua base de apoiadores para se defender publicamente. Em diversas entrevistas, ele argumenta que está sendo vítima de perseguição política e que suas ações enquanto presidente tinham o objetivo de beneficiar o país.

No entanto, as acusações contra ele não vêm apenas da oposição. A Polícia Federal tem reunido uma série de evidências e depoimentos que fortalecem as suspeitas sobre seu envolvimento nos casos investigados. O próprio Mauro Cid, considerado um dos principais operadores dos esquemas, já fez delações detalhadas sobre o funcionamento interno do grupo bolsonarista.

O que pode acontecer com Bolsonaro?

A situação jurídica do ex-presidente ainda é incerta, mas os desdobramentos dos processos podem levá-lo a enfrentar consequências sérias. Entre as possibilidades, estão desde multas e restrições políticas até uma eventual prisão, caso a Justiça entenda que há provas suficientes para uma condenação.

Enquanto isso, Bolsonaro continua a se manifestar publicamente e a manter contato com seus apoiadores. O futuro do ex-presidente ainda é um mistério, mas uma coisa é certa: a tensão em torno de seu nome está longe de acabar.