Chacina: Mandante do crime é preso no Rio Grande do Sul

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Norberto Mânica, um dos mandantes da brutal “Chacina de Unaí”, foi finalmente capturado. A história por trás desse crime cruel, que chocou o país em 2004, envolve intrigas, investigações e uma busca implacável pela justiça. Mas como ele conseguiu permanecer foragido por tanto tempo? E por que a captura aconteceu agora?

A resposta para essas perguntas revela não apenas a complexidade do caso, mas também a importância da fiscalização do trabalho no Brasil. O desfecho dessa história tem tudo para marcar um novo capítulo na luta contra a impunidade.

A prisão do mandante

Na quarta-feira (15/01), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul localizou e prendeu Norberto Mânica em Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha. Ele estava escondido no interior do município, em uma região próxima à cidade de Gramado. A operação foi conduzida pela delegacia local, que já monitorava possíveis movimentações do condenado.

Apesar de tentar ocultar sua identidade e fornecer informações falsas, Norberto acabou confessando quem realmente era após um confronto de dados realizado pela polícia. No momento da prisão, ele estava sem documentos e não ofereceu resistência. Seu nome constava em um mandado de prisão expedido em 2023, quando a Justiça de Minas Gerais determinou a captura imediata dos irmãos Mânica.

O crime que chocou o Brasil

Na manhã de 28 de janeiro de 2004, quatro servidores do Ministério do Trabalho realizavam inspeções de rotina em fazendas na região de Unaí (MG). Eles investigavam denúncias de trabalho escravo e outras irregularidades trabalhistas quando foram brutalmente assassinados.

As vítimas eram os fiscais Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, além do motorista Aílton Pereira de Oliveira. O carro em que estavam foi abordado por homens armados em uma estrada de terra. Eles foram executados à queima-roupa, sem qualquer chance de defesa.

A brutalidade do crime deixou o país em choque e gerou uma enorme pressão para que os mandantes fossem levados à justiça. No entanto, o processo foi longo e cheio de reviravoltas.

A investigação e condenação

As investigações apontaram que os fazendeiros irmãos Antério e Norberto Mânica foram os principais mandantes do crime. Eles teriam contratado pistoleiros para executar os fiscais, com o objetivo de impedir as fiscalizações trabalhistas em suas propriedades.

Depois de anos de processos judiciais, Norberto Mânica foi condenado a 64 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha. Sua condenação transitou em julgado, o que significa que não cabem mais recursos.

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Fuga e captura

Desde a decisão judicial, Norberto estava foragido, se escondendo em diversas regiões do país. Em uma tentativa anterior de captura, ele foi encontrado com um passaporte falso em Campo Grande (MS), mas conseguiu escapar. A busca por ele foi intensificada após a decisão de 2023, que determinou a prisão dos mandantes.

Com o avanço das investigações, a polícia identificou movimentações suspeitas na Serra Gaúcha. O trabalho minucioso da delegacia de Nova Petrópolis levou à sua localização e prisão definitiva. Agora, ele deve ser transferido para um presídio de segurança máxima para cumprir sua pena.

O impacto do caso

A “Chacina de Unaí” se tornou um dos crimes mais emblemáticos contra servidores públicos no Brasil. O caso trouxe atenção para a importância da fiscalização das condições de trabalho no campo, especialmente em regiões onde o trabalho escravo ainda é uma realidade.

A condenação e prisão de Norberto Mânica simbolizam um avanço no combate à impunidade e uma mensagem clara de que crimes contra servidores não ficarão sem resposta. Resta agora acompanhar os próximos passos do caso e verificar se as penas serão cumpridas integralmente.

O desfecho dessa história ainda pode reservar novas reviravoltas, mas uma coisa é certa: a busca por justiça nunca parou, e agora, depois de duas décadas, um dos mandantes está finalmente atrás das grades.