proprietários de funerária admitem ‘abuso de cadáver’ em quase 200 casos

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Um caso macabro veio à tona nos Estados Unidos, revelando um esquema de desrespeito e horror sem precedentes. O que parecia ser uma empresa dedicada a oferecer serviços funerários ecológicos acabou se tornando um pesadelo para centenas de famílias. No centro do escândalo, um casal que, por anos, enganou clientes e cometeu crimes inimagináveis. Mas o que exatamente aconteceu?

A princípio, a funerária operava sob a promessa de um serviço sustentável, oferecendo um método alternativo para lidar com os restos mortais. Os clientes acreditavam estar optando por uma solução ecológica, mas a verdade era muito mais sombria. O mistério começou a ser desvendado quando um cheiro insuportável começou a tomar conta da vizinhança. Os moradores não sabiam, mas estavam prestes a descobrir um cenário digno de um filme de terror.

Em outubro de 2023, a polícia foi acionada para investigar as denúncias sobre o odor estranho que emanava do prédio onde a funerária funcionava. O que os investigadores encontraram superou qualquer expectativa. Dentro do imóvel, um verdadeiro depósito de horror foi revelado: 190 corpos armazenados de maneira precária, alguns em decomposição avançada, datando de até 2019. Mas isso era apenas o começo da chocante descoberta.

Os promotores descreveram o que viram como uma das maiores violações à dignidade humana já registradas no estado. Os corpos estavam jogados de qualquer maneira: alguns empilhados sobre prateleiras, outros embrulhados apenas em lençóis e fita adesiva, e muitos completamente expostos, abandonados sem qualquer respeito ou cuidado. A promessa de um tratamento digno foi substituída por um cenário de descaso e horror absoluto.

O local foi interditado e, no início de 2024, demolido. No entanto, a destruição da estrutura não apagou a indignação e a dor das famílias que haviam confiado na empresa. A funerária, que operava sob o nome “Return to Nature”, vendia pacotes de sepultamento ecológico, garantindo que os corpos seriam compostados de forma ética e sustentável. Mas a investigação revelou que os proprietários enganavam os clientes de maneira cruel: em vez de entregarem as cinzas dos entes queridos, repassavam urnas contendo misturas de concreto. Além disso, em alguns casos, enviavam corpos errados para serem sepultados em cemitérios.

O casal responsável pelo esquema, Jon e Carie Hallford, foi preso em novembro de 2023. Durante a audiência no Tribunal do Condado de El Paso, ambos se declararam culpados. Eles enfrentam 191 acusações por crime grave de abuso de cadáver, podendo ser condenados a penas entre 15 e 20 anos de prisão. A sentença final será anunciada em 18 de abril de 2025.

Os registros financeiros da empresa revelaram outra face do crime. O casal recebeu mais de US$ 130 mil (cerca de R$ 754 mil) pelos serviços funerários, dinheiro que deveria ter sido usado para garantir os processos de cremação e sepultamento. No entanto, os Hallfords desviaram os recursos para fins pessoais, gastando milhares de dólares em viagens, joias e compras supérfluas.

O caso também levantou debates sobre a prática da compostagem humana, uma alternativa sustentável que vem sendo adotada em estados como Washington, Colorado e Oregon. Esse método busca reduzir os impactos ambientais e otimizar o espaço nos cemitérios. No entanto, a “Return to Nature” transformou essa possibilidade inovadora em um esquema fraudulento, desrespeitando a dignidade dos mortos e enganando famílias vulneráveis.

O impacto desse crime vai muito além do prejuízo financeiro. Para os promotores, a violação de confiança foi o aspecto mais devastador do caso. “Essas famílias confiaram a eles seus entes queridos. A violação dessa confiança é algo do qual essas pessoas provavelmente nunca se recuperarão”, afirmou Michael Allen, procurador do 4º Distrito Judicial do Colorado.

O escândalo evidenciou a necessidade urgente de uma regulamentação mais rígida para o setor funerário. Afinal, como um casal conseguiu operar por tanto tempo sem ser descoberto? Como evitar que tragédias como essa se repitam?

A história de Jon e Carie Hallford não é apenas um crime macabro, mas um alerta sobre as falhas no sistema de fiscalização e a fragilidade daqueles que, em momentos de luto, depositam sua confiança em empresas que deveriam agir com respeito e dignidade. Enquanto a justiça não for plenamente aplicada, o peso desse horror continuará a assombrar aqueles que perderam seus entes queridos nas mãos desse casal sem escrúpulos.

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