Familiares se reúnem em velório de menino atropelado por ônibus em São Sebastião (DF)

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O clima era de profunda dor e comoção na manhã desta segunda-feira em São Sebastião, no Distrito Federal. Familiares e amigos se reuniram para prestar a última homenagem a Kaleo Ramos Almeida de Oliveira, um menino de apenas sete anos que perdeu a vida de forma trágica ao ser atropelado por um ônibus enquanto andava de bicicleta.

O acidente, que chocou moradores da região, aconteceu em uma via sem qualquer tipo de sinalização. A ausência de faixas, placas ou quebra-molas torna o local ainda mais perigoso para pedestres e ciclistas, especialmente crianças que costumam brincar nas redondezas. A tragédia reacendeu debates sobre a negligência com a infraestrutura viária em bairros mais afastados do centro de Brasília.

Segundo testemunhas, Kaleo estava passeando de bicicleta próximo à sua casa, como fazia com frequência. Em um momento de descuido, ele entrou na rua e foi atingido por um ônibus. O motorista, visivelmente abalado, declarou às autoridades que não conseguiu ver o menino a tempo de frear. Ele parou o veículo imediatamente e chamou socorro, recebendo auxílio da Polícia Militar do Distrito Federal.

Os bombeiros chegaram rapidamente ao local e tentaram reanimar a criança por mais de 50 minutos. Apesar de todos os esforços, Kaleo não resistiu aos ferimentos e faleceu ali mesmo, na rua onde costumava brincar.

O corpo do menino foi velado sob forte comoção, com a presença de vizinhos, colegas de escola e familiares inconsoláveis. O clima no velório era de tristeza profunda, mas também de indignação. Muitos moradores da região expressaram revolta com a falta de sinalização na via, apontando que o acidente poderia ter sido evitado com medidas simples de segurança.

A empresa responsável pelo ônibus lamentou o ocorrido e divulgou uma nota de pesar, se solidarizando com a dor dos familiares. A nota afirma que o motorista agiu conforme os protocolos ao acionar a emergência e colaborar com as autoridades. Ainda assim, a tragédia expôs uma falha coletiva que vai além do motorista: a negligência com a segurança em áreas residenciais.

São Sebastião, como tantas outras regiões administrativas do DF, enfrenta problemas crônicos de infraestrutura urbana. Ruas mal pavimentadas, falta de iluminação pública e a ausência de sinalização adequada são constantes nas queixas dos moradores. A morte de Kaleo, infelizmente, é um reflexo cruel dessa realidade.

Para muitos, a dor da perda se mistura com o medo de que outras crianças possam sofrer o mesmo destino. “Isso poderia ter sido evitado”, afirmou uma moradora que preferiu não se identificar. “Quantas tragédias mais terão que acontecer para que as autoridades tomem providências?”

Além da dor da família, o episódio trouxe à tona discussões urgentes sobre a mobilidade urbana e a responsabilidade do poder público na proteção das populações mais vulneráveis. Crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida são os que mais sofrem com ruas mal planejadas e perigosas.

Especialistas em segurança viária defendem que intervenções simples, como a instalação de faixas de pedestre, lombadas e placas de atenção, poderiam evitar diversos acidentes semelhantes. A sinalização adequada é considerada uma das principais ferramentas para reduzir atropelamentos, principalmente em áreas residenciais com grande circulação de crianças.

É importante destacar que, segundo o Código de Trânsito Brasileiro, a responsabilidade pela segurança no tráfego urbano é compartilhada entre motoristas, pedestres e o poder público. Quando um desses elementos falha, o risco aumenta drasticamente.

O caso de Kaleo também reacende a discussão sobre a necessidade de campanhas educativas voltadas ao trânsito em comunidades periféricas. Ensinar desde cedo as crianças sobre os perigos das ruas, assim como promover treinamentos para motoristas de transporte coletivo, pode ajudar a reduzir significativamente o número de acidentes fatais.

A comunidade agora se une em luto, mas também em mobilização. Moradores estão organizando abaixo-assinados e reivindicando a instalação urgente de sinalização na rua onde o acidente aconteceu. O objetivo é transformar a dor em ação, e garantir que a morte de Kaleo não tenha sido em vão.

Enquanto isso, a família do menino enfrenta a difícil tarefa de lidar com a ausência repentina de uma criança cheia de vida, alegria e sonhos interrompidos. Em meio às lágrimas, o que resta é a esperança de que essa tragédia seja um divisor de águas na forma como o poder público lida com a segurança nas ruas do Distrito Federal.

Casos como esse não podem ser tratados apenas como estatísticas. Cada vida perdida representa um universo de histórias, sentimentos e potenciais que se apagam cedo demais. Que a morte de Kaleo sirva de alerta para todos nós — motoristas, gestores públicos e sociedade em geral — sobre a importância de proteger nossas crianças e investir em um trânsito mais seguro, humano e responsável.

Kaleo Ramos Almeida de Oliveira andava de bicicleta quando foi atingido; motorista afirma que não viu a criança.