Em mais um episódio que agitou o cenário político nacional, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a ganhar os holofotes nesta quarta-feira (14), ao conceder uma entrevista ao UOL News. Suas falas, carregadas de críticas e provocações, miraram diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. O principal alvo: a recente visita oficial do casal à China e as supostas intenções por trás dessa aproximação.
Sem meias-palavras, Bolsonaro acusou o atual governo de “submissão” aos interesses chineses, apontando para acordos bilaterais que, segundo ele, colocariam em risco a soberania nacional. Em meio ao debate, o ex-presidente ainda voltou a defender a liberdade nas redes sociais e condenou o que chama de tentativas de censura.
China no centro do debate político
Durante a entrevista, Bolsonaro demonstrou forte insatisfação com os rumos da política externa brasileira. Ele citou que Lula teria assinado 37 acordos com a China, muitos deles em setores que considera estratégicos para o país. O ex-presidente afirmou que esse tipo de aliança seria perigosa e poderia tornar o Brasil dependente de interesses autoritários.
“Lula se entrega de corpo e alma para o chinês. Isso compromete nossa independência e favorece um modelo que não combina com a liberdade que defendemos”, declarou Bolsonaro.
As críticas refletem uma posição ideológica bem marcada. Durante seu governo, Bolsonaro priorizou relações com países ocidentais, principalmente os Estados Unidos. Para ele, o Brasil deveria se manter alinhado com democracias liberais, e não se abrir a regimes que considera autoritários.
Alvo também foi Janja
Além de Lula, Bolsonaro também direcionou críticas à primeira-dama Janja. O motivo foi a declaração dela durante a visita à China, em que sugeriu que o Brasil precisaria avançar na regulamentação das redes sociais. Para o ex-presidente, a fala é uma clara ameaça à liberdade de expressão.
“É vergonhoso ouvir a Janja defender censura. É um vexame atrás do outro”, afirmou, com forte indignação.
Bolsonaro defendeu que o combate à desinformação deve ocorrer com mais liberdade, não com controle estatal. Segundo ele, a legislação atual já oferece mecanismos suficientes para punir excessos na internet. O risco, segundo ele, é que uma regulamentação abra caminho para decisões ideológicas sobre o que pode ou não ser dito.
Liberdade digital como bandeira
A defesa incondicional da liberdade nas redes sociais tem sido uma das bandeiras mais fortes do ex-presidente. Para ele, qualquer tentativa de controle digital representa uma ameaça direta aos direitos individuais. Em suas palavras, “quem vai cercear isso é o ser humano com poder nas mãos. E isso é sempre perigoso”.
Esse discurso continua ressoando fortemente entre seus apoiadores, especialmente os mais ativos nas plataformas digitais. Muitos veem em Bolsonaro um defensor da liberdade contra o avanço do que chamam de “ditadura do politicamente correto”.
Reaparecimento após internação
Mesmo após ter passado por 21 dias de internação em Brasília, Bolsonaro demonstrou que não pretende se afastar da cena política. Poucos dias após deixar o hospital, participou de um ato público em defesa da anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, contrariando orientações médicas para evitar aglomerações.
Sua presença foi um indicativo claro de que ele continua disposto a disputar espaço na arena política, mantendo sua base mobilizada e engajada em torno de temas como liberdade de expressão, soberania nacional e alinhamentos internacionais.
A polarização segue firme
As declarações de Bolsonaro reacendem a chama da polarização política no Brasil. Ao atacar Lula e Janja, ele reforça sua retórica combativa e tenta consolidar sua posição como principal figura da oposição. Para seu público, suas falas funcionam como um chamado à vigilância e resistência.
Enquanto isso, o governo Lula segue defendendo sua política externa baseada em parcerias múltiplas. Segundo o Planalto, a aproximação com a China não representa submissão, mas sim uma estratégia pragmática para fortalecer a economia nacional e ampliar o protagonismo brasileiro no cenário global.
Olho nas eleições
O momento político é decisivo. Com as eleições municipais se aproximando e os bastidores de 2026 já em movimento, cada fala e gesto ganha peso. Bolsonaro aposta em uma narrativa que denuncia riscos à liberdade e à soberania. Lula, por sua vez, tenta consolidar sua gestão como estável e aberta ao diálogo com grandes potências.
A disputa narrativa está apenas começando, e tudo indica que será intensa. Bolsonaro quer permanecer no centro do palco, e seus discursos mostram que está pronto para o embate. Resta saber como o eleitor reagirá nos próximos capítulos dessa longa disputa política.