Um crime brutal abalou os moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro e gerou grande comoção nas redes sociais. Ronald Mendes, de 32 anos, foi preso após confessar o assassinato de sua ex-companheira, Daniele Sanches, de 36 anos. O motivo por trás do crime é chocante: ele queria manter um relacionamento amoroso com o genro da vítima, um adolescente de apenas 17 anos.
O caso, que aconteceu em Santa Cruz, mais precisamente no sub-bairro de Santa Veridiana, revela uma sequência perturbadora de acontecimentos marcada por ciúmes, violência doméstica e manipulação emocional.
Ronald e Daniele estavam juntos desde 2019. Ela já era mãe de dois filhos de um relacionamento anterior e, com Ronald, teve um terceiro filho, hoje com dois anos. Apesar da aparência de uma família comum, o ambiente era instável, segundo relatos de amigos e parentes. As brigas eram frequentes e Daniele sofria ameaças constantes, especialmente quando falava em se separar.
O estopim para o crime, segundo a investigação da Polícia Civil, ocorreu quando a filha mais velha de Daniele começou a namorar o adolescente que passou a ser alvo da obsessão do padrasto. Ronald, dominado por uma paixão doentia, passou a desejar o rapaz, o que desencadeou seu plano cruel.
Daniele, temendo pela segurança dos filhos e determinada a retomar o controle da própria vida, decidiu deixar Ronald. Ela se mudou com os filhos para a casa da mãe, em Nova Iguaçu, e começou a tomar providências legais para obter a guarda definitiva do filho mais novo. Foi essa decisão que, segundo os investigadores, fez Ronald colocar em prática seu plano de vingança e posse.
De forma premeditada, ele enviou mensagens à ex-companheira, sugerindo uma tentativa de reconciliação. Usando palavras doces e promessas falsas, convenceu Daniele a encontrá-lo. Ela, com esperança de um acordo pacífico, comprou vinho e alguns petiscos antes de sair. O destino foi uma área de mata em Santa Cruz, onde ele a aguardava.
O que aconteceu naquele local foi cruel. Ronald imobilizou Daniele com algemas e, após uma tentativa frustrada de degolá-la com uma faca cega, desferiu diversos golpes até que ela não resistisse. Em depoimento, o acusado afirmou que voltou três vezes ao local nos dias seguintes para queimar o corpo e tentar ocultar os rastros do crime.
Durante semanas, a família de Daniele acreditou que ela estivesse viva. Isso porque Ronald acessou suas redes sociais e se passou por ela, enviando mensagens que diziam estar tudo bem. No entanto, os familiares logo estranharam o conteúdo das mensagens, que não combinava com a forma como Daniele costumava se comunicar. A dúvida virou desespero, e o desaparecimento foi registrado na delegacia cerca de 40 dias depois.
O ponto de virada veio quando o adolescente, que havia sido levado para viver com Ronald, decidiu contar tudo à própria mãe. Ele fugiu e relatou os acontecimentos, revelando onde o crime havia sido cometido. A partir daí, a polícia reuniu as provas que culminaram na prisão de Ronald, sob mandado de prisão temporária.
Atualmente, ele responde pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver e corrupção de menores. A prisão foi efetuada na última semana, e o caso segue em investigação para esclarecer todos os detalhes e circunstâncias envolvidas.
Esse episódio trágico expõe não apenas a gravidade da violência doméstica e do feminicídio no Brasil, mas também levanta um importante alerta sobre os sinais de abuso que muitas vezes são ignorados ou silenciados. A história de Daniele é um lembrete doloroso de como o medo, o controle e a manipulação podem levar a consequências fatais.
Infelizmente, muitas mulheres ainda vivem situações semelhantes, presas em relacionamentos abusivos e ameaçadas por aqueles que deveriam protegê-las. A denúncia é fundamental para romper esse ciclo. A sociedade precisa estar atenta, escutar, apoiar e agir. Daniele tentou romper com o ciclo da violência, mas teve sua vida brutalmente interrompida.
Este caso, por mais perturbador que seja, reforça a urgência de políticas públicas eficazes, de apoio às vítimas e de punição exemplar aos agressores. Mais do que nunca, é essencial dar visibilidade a histórias como essa, não para alimentar o medo, mas para despertar a consciência coletiva sobre a importância de proteger as mulheres e combater todas as formas de violência.