A jovem influenciadora Valeria Márquez, de 23 anos, foi brutalmente assassinada enquanto fazia uma transmissão ao vivo no TikTok, diretamente de seu salão de beleza localizado em Zapopan, no México. O que deveria ser mais uma interação cotidiana com seus seguidores terminou de maneira trágica, deixando em choque os milhares de internautas que assistiam à live.
Na gravação, Valeria aparece animada ao receber uma encomenda misteriosa. Dentro do pacote, ela encontra um pequeno porquinho de pelúcia e, sorrindo, comenta para os seguidores: “É um porquinho!”. No entanto, poucos minutos depois, a transmissão toma um rumo assustador. Um homem armado invade o local e dispara diversas vezes contra a jovem. Valeria cai morta sobre a mesa, com o sangue se espalhando enquanto a câmera ainda estava ligada. A transmissão só foi encerrada quando uma pessoa — provavelmente um funcionário ou cliente — pegou o celular e, com o rosto parcialmente visível, interrompeu a filmagem.
O crime está sendo investigado como feminicídio pelas autoridades do estado de Jalisco. Segundo informações da Procuradoria-Geral, os indícios apontam para uma ação premeditada, o que levanta ainda mais dúvidas sobre as motivações do agressor e o contexto por trás do ataque.
Infelizmente, o assassinato de Valeria não é um caso isolado. Apenas dias antes, uma candidata à prefeitura de Veracruz também foi morta durante uma transmissão ao vivo, junto com outras três pessoas. Esses casos expõem uma realidade cruel: o México atravessa uma grave crise de violência de gênero que parece longe de ser resolvida.
De acordo com dados oficiais, só nos três primeiros meses deste ano foram registrados 162 feminicídios em todo o país. Em 2023, o total chegou a 847 casos, e em 2022, cerca de 4 mil mulheres foram assassinadas, representando 12% de todos os homicídios daquele ano.
O mais alarmante é a dificuldade em se obter justiça. Organizações de direitos humanos denunciam que a maioria dos casos não resulta em punições. Apenas cerca de 67% dos processos chegam a um veredito final, o que deixa milhares de famílias sem respostas e alimenta um sentimento de impunidade. A diretora da Human Rights Watch para as Américas, Juanita Goebertus, afirmou que a principal falha está na incapacidade das autoridades em investigar com eficiência e oferecer segurança às vítimas e testemunhas.
A morte de Valeria Márquez ganhou notoriedade não apenas pela violência do crime, mas também por ter acontecido ao vivo, diante de uma audiência online. Com mais de 100 mil seguidores no Instagram, ela era uma figura pública e, mesmo assim, foi assassinada em plena luz do dia, sem qualquer proteção.
Situações como essa servem como um alerta contundente. Mostram que a violência contra a mulher não tem hora, lugar ou classe social. A exposição digital, embora traga visibilidade, também pode expor vulnerabilidades, principalmente em contextos onde o sistema de proteção é ineficiente.
A sociedade mexicana pede respostas — não só para o caso de Valeria, mas para todas as mulheres que perderam suas vidas de forma brutal e evitável. Enquanto o acesso à justiça for limitado e falho, a sensação de medo continuará presente na rotina de milhares de mulheres no país.
Cabe agora às autoridades agirem com firmeza, à população exigir mudanças e à imprensa seguir dando visibilidade a essas histórias que não podem cair no esquecimento. A morte de Valeria Márquez precisa ser um marco para uma transformação urgente no enfrentamento ao feminicídio no México.
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